quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Saudável hábito de poupar

Marco Antônio dos Santos Martins


A história econômica da humanidade demonstra que os indivíduos, de uma forma geral, estão sempre predispostos para consumir e não para poupar, ou seja, a preferência à liquidez é uma verdade econômica quase que inquestionável. Desta verdade derivam os conceitos de poupança, onde poupar é um ato de abstenção ou, ainda, de alocação do consumo no tempo, ou seja, o indivíduo abre mão do consumo presente para consumir futuramente.



Este ato de abstenção só se justifica quando a satisfação obtida pelo consumo futuro é maior do que aquela obtida pelo consumo presente. A mensuração desta satisfação pode ser expressa em valores pecuniários ou não, pois em alguns casos a acumulação de poupança proporciona não só rendimentos financeiros como a sensação de segurança em relação ao futuro.



Nas sociedades mais desenvolvidas o hábito de poupar, no longo prazo, é bastante arraigado, pois são sociedades menos paternalistas, com menores distorções na distribuição da renda nacional e com uma moeda estável, não sujeita as corroções inflacionárias. Já nos países emergentes, onde o Estado é mais paternalista, os problemas de distribuição de renda são enormes, a estabilidade de preços se equilibra sobre o “fio da navalha” e o Estado de Direito em alguns momentos fragiliza a validade dos contratos de longo prazo, a predisposição a poupar ainda é pequena, principalmente quando se pensa em alternativas de médio e longo prazo que envolve o mercado de capitais.



A relativa estabilização monetária e política vivida pelos brasileiros na última década, e a forte tendência de queda nas taxas de juros reais dos títulos públicos, bem como a sofisticação do mercado de capitais local – com modernos instrumentos de poupança acessível para a maioria da população– tem levado a sociedade a estimular a alongar o prazo de seus investimentos e iniciar uma diversificação dos seus investimentos através da compra de ações no mercado de capitais, por exemplo.



O momento atual é relativamente propício para alavancar o sentimento de poupança na população, pois o País está consolidando sua estabilidade monetária e o equilíbrio fiscal, gerando condições para a redução da percepção de risco e o conseqüente algongamento dos prazos das aplicações financeiras. Ao mesmo tempo que o hábito de poupar a longo prazo é saudável para o para o poupador enquanto gerador de retornos maiores com menores riscos ele também é um alavancador do crescimento sustentado, na medida em que gera fontes de capital para financiar não só as necessidades de caixa do setor público como também investimentos produtivos, tais como infra-estrutura, área imobiliária, expansão da produção, etc.


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